
Por que a iniciativa não convenceu?
Arcelio Tivane, escritor e empresário conhecido por sua postura crítica e reflexiva, decidiu se pronunciar sobre a música “Queremos Paz”, liderada pelo renomado cantor moçambicano Mr. Bow.
Tivane iniciou sua análise parabenizando a iniciativa, mas rapidamente apontou falhas que, em sua opinião, enfraquecem a mensagem de paz e unidade proposta pela obra. Em um texto detalhado, o escritor destacou sete pontos negativos que, segundo ele, transformam a música em um reflexo de exclusão social, deslegitimando a causa que pretende defender.
Vamos explorar suas principais críticas:
1. Exclusão de figuras essenciais para a intervenção social
Tivane chamou a atenção para a ausência de artistas historicamente ligados a causas sociais, como Stewart Sukuma. Ele argumenta que é incoerente criar uma música de intervenção social sem incluir figuras que realmente têm impacto directo junto ao povo. Essa exclusão, segundo ele, gera divisões e conflitos, transformando a obra em uma “fraude musical”.
2. Contradições políticas dos participantes
O escritor apontou que alguns dos cantores envolvidos têm posicionamentos políticos claros e controversos. Ele questiona como pessoas que contribuíram para a polarização atual podem, de repente, gritar pela paz. Para Tivane, isso compromete a credibilidade da mensagem, já que, segundo ele, muitos desses artistas são “parte do problema atual”.
3. Contexto errado: “Não estamos em guerra”
Outro ponto de destaque foi a crítica à abordagem do tema. Tivane afirmou que o verdadeiro problema em questão são os conflitos pós-eleitorais e a busca pela verdade eleitoral, não uma guerra aberta. Ele sugeriu que a música deveria refletir de forma mais clara o contexto atual, ao invés de simplificar a narrativa.
4. Estética do videoclipe: falta de conexão com a realidade
O uso de roupas brancas foi outro elemento criticado. Para Tivane, o videoclipe deveria retratar o momento de tensão vivido no país, incluindo símbolos mais fortes como sangue, conflitos entre polícia e cidadãos, e ambulâncias. Ele argumenta que a escolha estética não reflete a realidade e transmite uma falsa sensação de harmonia.
5. Protagonismo centralizado em Mr. Bow
Tivane também destacou que a obra parece girar em torno de Mr. Bow, o que ele considera um erro para uma música que deveria representar todos os moçambicanos. Ele sugere que, para transmitir uma mensagem verdadeira de paz, a música deveria evitar figuras centralizadoras e focar no coletivo.
6. Inclusão limitada e tendenciosa
A seleção dos participantes foi classificada como tendenciosa. Tivane questionou a ausência de figuras importantes na intervenção social, como Blaze, Nikotina KF e Kiba The Seven. Para ele, a exclusão de vozes relevantes enfraquece a legitimidade da música e reforça as divisões sociais.
7. Alternativa sugerida: reedição de clássicos
Como solução, o escritor sugeriu que os artistas poderiam revisitar músicas clássicas de intervenção social, unindo veteranos e novos talentos em um projeto verdadeiramente inclusivo. Ele acredita que isso traria mais autenticidade e impacto à mensagem.
Exclusão social como um reflexo do país. Em um tom reflexivo, Tivane concluiu que a exclusão social é um dos maiores problemas de Moçambique e está presente em todas as áreas. Ele enfatizou que a verdadeira unidade nacional só pode ser alcançada quando as diferenças forem respeitadas e incluídas.